IMPERIALISMO - RESISTÊNCIA AFRICANA
A maioria dos africanos se opôs a dominação europeia, fazendo o possível para manter a independência e preservar seus modos de vida.
As formas de resistência dos nativos variavam de acordo com as circunstâncias e as possibilidades. Ocorreram lutas armadas que duraram vários anos. Houve também banditismo social e luta cotidiana, que iam da simulação de doenças até a danificação do patrimônio dos colonizadores. Em síntese, houve oposição tanto para preservar a soberania das sociedades autóctones quanto para atenuar os abusos, e ainda rebeliões destinadas a expulsar os colonizadores.
Nem sempre os colonizadores venceram. O Império Mandinga, na segunda metade do século XIX, resistiu a dominação francesa por quase duas décadas. Nesse período, impôs aos franceses uma serie de reveses. Para tal, criou um poderoso exército, que, adquirindo armas modernas, soube tirar proveito das rivalidades entre as potências imperialistas.
O Império Mandinga enfrentou rivais africanos, franceses e britânicos, sendo vencido somente em 1898, quando seu líder, Samon Touré, foi preso e deportado para o Gabão. Touré tornou-se um símbolo da resistência dos africanos à dominação europeia.
O Império Etíope derrotou os italianos e preservou a independência de seu país. Isso ocorreu devido à reunificação política, à modernização do exército e à perseverança dos etíopes.
REPERCUSSÕES
A dominação europeia sobre o continente africano não alcançou os objetivos desejados. Para uma exploração lucrativa, havia a necessidade de altos investimentos em obras de infraestrutura (portos, ferrovias, estradas de rodagem e linhas telegráficas) e era necessário qualificar a população. Como os interesses eram imediatistas, não se dava a devida atenção a esses aspectos. No curto prazo, o continente africano não se tornou um grande mercado para os produtos industriais metropolitanos, pois seus padrões de consumo eram diferentes.
Numa posição jurídica, econômica, política e social sempre superior à dos africanos, os colonizadores beneficiaram-se explorando o trabalho compulsório dos nativos, apossando-se das riquezas naturais e exercendo as mais diversas funções administrativas.
O impacto da presença europeia na África foi enorme. Os africanos tiveram de se adaptar a novas formas de organização política e assistiram à introdução de diversas inovações tecnológicas, sem, contudo, usufruir plenamente delas. Em pequeno número, os europeus construíram escolas, hospitais e obras de saneamento, mais para beneficiar os colonos do que os nativos. Na agricultura, desenvolveu-se em larga escala o cultivo de produtos que interessavam ao mercado europeu, como café, sisal, algodão, cacau, tabaco e chá. A agricultura familiar perdeu espaço, e a fome assolou muitas regiões. As riquezas minerais aguçaram a cobiça, e, para muitos, a exploração da África tornou-se muito lucrativa.
As reações à dominação cultural variaram. Havia quem repudiava a cultura do colonizador, quem procurava assimilá-la de forma acrítica e ainda quem tentava depurá-la assimilando apenas aquilo que fosse de seu interesse.
Com a invasão imperialista dos europeus, movimentos de resistência surgiram em diversas partes do continente africano
ATIVIDADE
O documento abaixo se refere à "Era do Imperialismo", ocorrida no final do século XIX e início do século XX, quando os países capitalistas conseguiram dominar a África e grande parte da Ásia. Leia com atenção, depois responda a questão 1.
"... A natureza distribuiu desigualmente no planeta os depósitos e a abundância de suas matérias primas; enquanto localizou o gênero inventivo das raças brancas e a ciência da utilização das riquezas naturais nesta extremidade continental que é a Europa, concentrou os mais vastos depósitos dessas matérias-primas nas Áfricas, Ásias tropicais, Oceanias equatoriais, para onde as necessidades de viver e de criar lançariam o clã dos países civilizados. Estas imensas extensões incultas, de onde poderiam ser tiradas tantas riquezas, deveriam ser deixadas virgens, abandonadas à ignorância ou à incapacidade? (...) A humanidade total deve poder usufruir da riqueza total espalhada pelo planeta. Esta riqueza é o tesouro da humanidade ...”
(SARRAUT, A. "Grandeur et Servitude Coloniales". Paris, 1931, pp.18 e 19)
QUESTÃO 1 – O autor do documento acima, defende ou critica o Imperialismo? Por quê?
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Em 1894, o Congo (país africano) era dominado pela Bélgica (país europeu). Nesse período um missionário sueco registrou uma canção congolesa desesperada, transcrita a seguir.
“Estamos cansados de viver sob esta tirania.
Não aguentamos mais ver nossas mulheres e filhos
Roubados e maltratados pelos selvagens brancos.
Nós vamos guerrear (...)
Sabemos que vamos morrer, mas queremos morrer.
Queremos morrer.”
Adam Hochschild. O Fantasma do rei Leopoldo (Bélgica). São Paulo: Companhia das Letras. 1999.p.184.
QUESTÃO 2 – Com base na letra da canção acima, você diria que os congoleses se mostravam pacíficos (tranquilos) diante da dominação estrangeira? Sim ou não? Por quê?
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Leia o relato a seguir, depois responda à questão 3:
"Quando os brancos chegaram, nós tínhamos as terras e eles a Bíblia; depois eles nos ensinaram a rezar; quando abrimos os olhos, nós tínhamos a Bíblia e eles as terras".
Essa frase - atribuída a Jomo Kenyatta, fundador da República do Quênia.
QUESTÃO 3 – Considerando o que você aprendeu até agora sobre o Imperialismo, comente e interprete o trecho acima.
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